O que era para ser um espaço de respeito à democracia virou um verdadeiro campo de batalha. Jornalistas que atuam na cobertura da Câmara Municipal de Cuiabá denunciam um cenário absurdo e inaceitável: ameaças, empurrões, gritos, tumultos e intimidação promovidos por assessores parlamentares e produtores de conteúdo que invadem, sem qualquer controle, o espaço reservado à imprensa – o chamado “Aquário”.

O clima se tornou hostil a ponto de tornar inviável o exercício do jornalismo. Profissionais estão sendo tratados com desprezo, empurrados e verbalmente agredidos por pessoas ligadas a gabinetes de vereadores, enquanto a Secretaria de Comunicação da Casa se mantém omissa. A denúncia é grave e revela o completo abandono da estrutura responsável por garantir a comunicação institucional e o acesso à informação.

O jornalista Roberto Marques chegou a sugerir um boicote à cobertura do Legislativo, dado o cenário insustentável. Segundo ele, os jornalistas estão sendo “tratados como cachorros”, em meio à desordem promovida por aqueles que deveriam zelar pelo bom funcionamento da Casa.

A situação atingiu seu ponto mais crítico na última quinta-feira (12/6), quando profissionais foram ameaçados por integrantes de assessorias parlamentares enquanto entrevistavam as vereadoras Michelly Alencar (União Brasil) e Samantha Iris (PL). O fato evidencia um completo desrespeito à liberdade de imprensa e um ambiente institucional em colapso.

É inadmissível que, em pleno século XXI, dentro de um poder legislativo municipal, jornalistas sejam impedidos de exercer sua função por agressões e interferências físicas e morais. A Câmara de Cuiabá, que deveria ser símbolo da democracia, da pluralidade de vozes e da transparência, está se transformando em uma Casa de Intolerância, onde reina o autoritarismo e a intimidação.

A responsabilidade por esse absurdo institucional recai diretamente sobre a Mesa Diretora da Casa, que tem o dever de garantir a ordem, a segurança e o respeito dentro das dependências do Legislativo. É urgente que se adotem providências para restabelecer o mínimo de civilidade e garantir aos profissionais de imprensa o direito de trabalhar com dignidade e segurança.

Enquanto isso não ocorrer, a Câmara de Cuiabá continuará sendo manchete — não pelas boas práticas democráticas, mas pelo escândalo de impedir o livre exercício da informação.