O Sindicato dos Profissionais da Área Meio do Poder Executivo de Mato Grosso (Simpaig-MT) denunciou, de forma veemente, a existência de irregularidades graves nos contratos de crédito consignado firmados por servidores públicos estaduais, especialmente envolvendo o Banco Capital e outras instituições financeiras que compõem um mesmo grupo econômico.

Segundo o presidente do Simpaig-MT, Antônio Wagner, apenas o Banco Capital reúne cerca de 12.500 servidores com contratos ativos, totalizando aproximadamente 19 mil contratos. Entretanto, ele alerta que esse número pode ser ainda maior, já que o Banco atua em conjunto com outras três ou quatro instituições — entre bancos, financeiras e fintechs —, o que pode elevar o número total de servidores com contratos suspeitos para 30 a 40 mil.

“Nós auditamos mais de 60 contratos do Banco Capital e temos certeza de que há fraudes. A situação mais absurda envolve os contratos de cartão de crédito consignado. De 12 servidores analisados, nenhum recebeu o cartão plástico, que é obrigatório nessa modalidade. Isso comprova que houve fraude na natureza do crédito contratado”, afirmou o presidente.

Wagner ainda lançou um desafio público:

“Quem aparecer com um cartão de crédito consignado físico, emitido pelo Banco Capital, receberá R$ 2 mil pagos pelo nosso sindicato. Faço esse desafio porque sei que esse cartão não existe. Se não há o cartão, há fraude. É simples assim”, declarou.

O Simpaig-MT também critica a conduta do Poder Executivo, especialmente da Secretaria de Planejamento e Gestão (CEPLAG), que, segundo Wagner, descumpriu as recomendações da CPI dos Consignados de 2018. Na época, a CPI orientou a não abertura de certas modalidades de crédito, como o cartão de crédito consignado, por considerá-las danosas aos servidores. No entanto, a CEPLAG não só abriu essa modalidade como ampliou o limite de comprometimento da renda líquida dos servidores para 60% com empréstimos consignados.

“Essa Casa Legislativa foi desrespeitada. O relatório da CPI foi ignorado, e a CEPLAG agiu na contramão das recomendações. Desde então, os servidores estão sendo asfixiados financeiramente. De 2019 para cá, temos um passivo de RDA de mais de 20%. E em vez de proteger o servidor, o governo abriu a porteira para o endividamento em massa”, denunciou Wagner.

O Simpaig-MT cobra medidas imediatas das autoridades competentes para apurar as irregularidades, responsabilizar os envolvidos e proteger os servidores públicos estaduais de práticas abusivas que comprometem sua dignidade financeira e sua estabilidade econômica.