SEM MARMITAS GRATUITAS
Diante de anúncio proibitivo de Abilio, moradores da capital em situação de rua temem fome
Há quem apoie e quem desaprove a medida do prefeito de Cuiabá para cortar o fornecimento de marmitas às pessoas em situação de rua na capital. Questionam, por exemplo, se a prefeitura irá disponibilizar condução para os que não têm ideia do endereço dos locais onde possam se alimentar por conta do município.
Política

Pessoas em situação de rua que recebiam marmitas de grupos organizados (ONGs) nas praças onde costumam ficar concentrados temem que proibição de entrega de alimentos pelas ONGs resultem em fome para a maioria. A região do Porto, lateral ao Rio Cuiabá, é um dos principais pontos dessas entregas.
Dezenas deles, incluindo mulheres gestantes, sempre formam fila animada atrás de vans das ONGs perto do meio-dia e à tarde. Notório o clima de animação ao receberem as refeições, acompanhadas por sucos. Muitos voltaram para repetir.
Porém, com a determinação do prefeito Abilio Brunini de proibir isso taxativamente, os sem-teto se encontram agora praticamente entregues ao deus-dará, segundo um dos apoiadores desse auxílio. Quem desobedecer à normativa imposta pelo Executivo [recado direto às ONGs], pode vir a sofrer sanções judiciais, é o alerta emitido.
Em síntese, aquela cena de moradores em fila recebendo marmitas, ou se alimentando pelos cantos das praças, tende a ser uma mera lembrança, futuro afora.
Dividida, a sociedade cuiabana apoia e também contesta tal situação, que deve ser oficializada em dois meses, quando a alternativa de fornecimento de alimentos estará disponível.
“Eles não entendem simplesmente por qual motivo o prefeito proibiu essa prática caridosa, a cessão de alimentos. A maioria desconhece por completo como pode chegar aos endereços que a prefeitura vai disponibilizar para que se alimentem daqui para a frente. Ou seja: já foi anunciado corte de vez as refeições distribuídas nas praças”.
Uma outra indagação diz respeito aos procedimento da Prefeitura nos endereços assinalados nos finais de semana ou feriados.
“Geralmente, os órgãos públicos fecham as portas nesses dias. O próprio Restaurante Popular da Prefeitura age assim. Esse pessoal então vai ficar com fome, aguardando que o feriado acabe? E se for longo?”
DESCONHECIMENTO GERAL
Um dos moradores de rua, desconfiado, sequer quis fornecer o seu nome à reportagem, mas confirmou total desconhecimento ao ser questionado sobre como iria se alimentar.
“Não vão entregar mais as marmitas; o que faremos?”, disse.
O mesmo vulnerável deixou claro nem saber do teor exato dessa decisão do prefeito, apenas lamentando o sumiço dos entregadores de marmitas. Muitos voluntários das ONGs os ajudavam com outras coisas, roupas e remédios, informou. Também se prontificavam a fazer ligações telefônicas para os seus familiares, ou a localizá-los. Os casos de perda de contato com a família são extensos.
“Morador de rua ninguém ouve, ninguém quer nem conversa. Mas esse pessoa aí [apoiadores] nos ajudava muito”.
Um dos membros de ONG externou que sua opinião sobre essa medida é realmente enfática:
“Desumana é a palavra ideal. É fácil tornar ainda mais difícil a vida de quem não pode se defender, que não tem qualquer alternativa de sobrevivência Pois a única que tinham foi extirpada friamente. Sugiro que o prefeito direcione suas ações para coisas mais úteis na cidade, que anda repleta de problemas complexos”.

Política
Governo descarta assumir obras do BRT por meio da MT Par ou Sinfra
O contrato havia sido firmado em outubro de 2022. A empresa tem o prazo de cinco dias úteis para se manifestar sobre o rompimento, o que pode gerar ações judiciais.

O governador Mauro Mendes (União) afirmou na manhã desta sexta-feira (07), durante a posse do novo procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), Rodrigo Fonseca Costa, que o Estado não irá assumir as obras do BRT (Bus Rapid Transit) por meio da MT Par ou da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra).
A declaração contraria informações, que apontavam que o governo estudava pedir autorização ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) para assumir a execução do projeto. Segundo uma publicação em uma veiculo de comunicação (Jornal A Gazeta) , a Sinfra avaliava duas possibilidades: delegar a obra à MT Par ou conduzir diretamente os trabalhos.
No entanto, ao ser questionado sobre o assunto, Mendes negou qualquer intenção do governo de assumir a obra. “Não, essa possibilidade não existe”, afirmou. O governador garantiu que o Estado já tem uma estratégia definida para a conclusão do modal. “Eu jamais tomaria uma decisão dessas se não tivesse cartas na manga”, ressaltou.
O governo rescindiu oficialmente, no início desta semana, o contrato com o consórcio responsável pelas obras em Cuiabá e Várzea Grande.
Mauro Mendes reconheceu que essa não era a medida que gostaria de tomar, mas afirmou que a rescisão era inevitável. “Chegou ao limite. A rescisão é um caminho longo”, declarou. O governador disse ainda que, após a resposta da empresa, anunciará quais serão os próximos passos para a continuidade da obra. “Vamos aguardar a manifestação deles, depois eu comunico qual será o caminho a seguir”, concluiu.
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