A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) instalou, nesta quarta-feira (24), a Câmara Setorial Temática (CST) da Enfermagem. A proposta, de autoria do presidente da Casa, deputado Max Russi (PSB), tem como foco principal debater pautas fundamentais da categoria, como o cumprimento do piso salarial, a carga horária excessiva e as condições de trabalho enfrentadas pelos profissionais em todo o estado.

Na reunião de instalação, a presidente da CST, Merielly Cristina Nantes, ressaltou a importância de um espaço institucional exclusivo para a enfermagem.
“É, sem dúvida, um passo importante para a valorização da profissão. A ausência de um espaço específico para discutir essas demandas criava um vazio que agora começa a ser preenchido”, destacou.

Merielly informou que já há um cronograma de encontros com foco nas principais reivindicações da categoria, com prioridade para a efetivação do piso salarial nacional — aprovado por lei, mas ainda com dificuldades de aplicação, especialmente no setor privado.

A situação enfrentada pelos profissionais foi relatada por Jaqueline Pires Cândido, que apontou a baixa remuneração e a falta de fiscalização como fatores que contribuem para jornadas de trabalho exaustivas.
“A maioria trabalha em turnos de 24h a 36h, com apenas 12h de descanso. Isso compromete a saúde mental e a vida familiar dos profissionais”, alertou. Ela também denunciou práticas jurídicas adotadas por hospitais privados para evitar o pagamento do piso.

A vereadora de Jaciara e também enfermeira, Lais Menezes, celebrou a criação da CST como um marco para os profissionais do interior.
“Muitas das nossas lutas são silenciosas. Agora, com essa câmara, nossa voz vai ecoar por todo o estado, trazendo visibilidade e avanços para a categoria”, afirmou.

A relatora-geral da CST, Luciana Fonseca da Victória, reforçou a importância de políticas públicas voltadas à valorização da enfermagem.
“Em Mato Grosso, somos cerca de 43 mil profissionais de enfermagem, sendo 18 mil só entre Cuiabá e Várzea Grande. A mola propulsora do sistema de saúde é a enfermagem. Não se faz saúde sem ela”, destacou.

Luciana também defendeu melhores condições salariais e cuidados com a saúde mental dos profissionais, muitos dos quais acumulam vínculos em diferentes esferas — pública e privada.

A próxima reunião da Câmara Setorial Temática da Enfermagem está agendada para o dia 12 de maio, às 9h, no auditório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), em Cuiabá.