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Com economias dependentes, Brasil e Argentina tentam superar desconfianças

Publicado em

Economia

Da Redação

Passados poucos dias após a posse de Alberto Fernández, o futuro das relações entre Argentina e Brasil —hoje em campos ideológicos opostos— é uma incógnita sob muitos aspectos, mas entre empresários e diplomatas há uma certeza: amigos ou não, brasileiros e argentinos terão que engolir dissabores e trabalhar juntos dado o tamanho do comércio entre os dois países.

“Eu sempre brinco que nós chamamos os argentinos de ‘hermanos’ não é à toa: irmão a gente não escolhe, mas tem que aguentar”, conta o consultor Welber Barral, da BMJ Consultoria —ex-secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

A brincadeira traduz a relação de quase dependência entre Brasil e Argentina, em que se um lado espirra, o outro fica doente. A crise econômica grave no país vizinho não é causa da crise no Brasil, mas ajuda a reduzir a velocidade da recuperação econômica brasileira.

Este ano, o país vizinho importou cerca de 9 bilhões de dólares do Brasil até novembro, o menor valor desde 2005 e cerca de 37% menos do que no ano passado. Ainda assim, a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil e o maior importador de produtos manufaturados, especialmente na área de automotivos e metalurgia, um mercado que as empresas brasileiras não têm condições de abrir mão.

“A Argentina sempre foi considerada um parceiro primordial para a indústria brasileira, não só pela proximidade, mas pela complementariedade das nossas economias e pelas facilidades que foram trazidas pelo Mercosul”, explica Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria.

“Hoje, a interação entre nossas indústrias é essencial para as nossas exportações, tanto para o Brasil quanto para a Argentina. Existe então o interesse do setor privado dos dois países que essa relação comercial e industrial se mantenha.”

Diplomatas e fontes da indústria, falando sob anonimato pela delicadeza do tema, admitem que a tensão ideológica entre os dois países na esfera política pode embaralhar a relação comercial, mas menos pelas críticas mútuas e mais pelas visões opostas em determinadas questões, especialmente relacionadas a abertura comercial, que atingem o Mercosul.

Uma das fontes ouvidas pela Reuters analisa que é natural ao novo governo argentino adotar as políticas que conhece, com uma visão mais assistencial na área social, mais intervencionista na economia e mais protecionista no comércio. Lembra que o novo governo não está “inventando dificuldades econômicas”, ao contrário. Não há dúvida, no entanto, que essa nova visão terá um contraste com o pensamento econômico hoje no Brasil.

“O quanto vai ser esse contraste está ainda para ser definido. Terá consequências a partir de quanto de protecionismo a Argentina vai adotar. Isso vai ter maior ou menor influência na relação direta com o Brasil”, explica a fonte, que acompanha de perto a relação entre os dois países. “E que efeito vai ter nas negociações externas do Mercosul. O novo governo pode resistir a mais acordos ou acelerar acordos.”

A fonte lembra, no entanto, que a economia fragilizada na Argentina já havia feito o próprio ex-presidente Maurício Macri a adotar algumas medidas menos liberais que sua cartilha inicial, como controle do câmbio e uma resistência a uma aceleração da revisão da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul.

A postura dos argentinos no Mercosul é uma das principais preocupações do governo brasileiro, que quer tocar rapidamente em 2020 as mudanças na TEC e a confirmação do acordo comercial com a União Europeia e o Efta.

Um diplomata que acompanha as negociações no bloco lembra que a gestão interna era complicada no governo de Cristina Kirchner, que antecedeu Macri e hoje é a vice de Fernández.

“Não temos ainda como saber, mas a gestão cotidiana era bastante difícil. Pode ficar complicado se eles criarem caso para aprovar coisas de interesse do Brasil, ou com a TEC”, disse.

Outro temor do governo brasileiro é a volta da demora na aprovação das licenças de importação não automática, mecanismo usado pelo governo Kirchner para controlar a saída de dólares do país e que afetava diretamente os exportadores brasileiros.

A fonte admite, no entanto, que os sinais ainda não estão claros e, por enquanto, o governo brasileiro trabalha na fase de hipóteses.

Algumas medidas anunciadas por Fernández internamente são vistas como preocupantes pela tendência mais intervencionista, mas não afetam diretamente o Brasil. E a primeira reunião do grupo gestor do Mercosul, em que as diferenças podem surgir, está marcada apenas para 18 de fevereiro do próximo ano.

Foto/Fonte: Reuters

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Desenvolve MT apresenta linhas de crédito durante encontro em Colíder para a classe empresarial

A equipe da agência prestou atendimento aos empreendedores participantes do evento, e tirou dúvidas sobre o processo de solicitação de crédito.

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Foto: Michel Alvim

A Agência de Fomento do Estado – Desenvolve MT participou do Encontro Regional Empresarial, realizado  no Auditório Amazônia, em Colíder. O evento, promovido pela prefeitura de Colíder, Câmara Municipal de Vereadores e a Associação Comercial e Empresarial do município (ACIC), reuniu mais de 90 empresários e convidados para tratar de assuntos relacionados à economia e ao empreendedorismo na região.

A Desenvolve MT marcou presença para falar sobre como as linhas de crédito podem fomentar a economia do município e apoiar os pequenos negócios. 

O prefeito de Colíder, Rodrigo Benassi, contou que tem objetivos com a parceria da agência de crédito para 2025.

“A nossa prefeitura tem uma meta, queremos fomentar a economia local, e a Desenvolve MT é um dos meios que nós encontramos para isso. Queremos fazer liberações de crédito de, no mínimo, R$2 milhões por mês. Esse evento é muito importante para esses objetivos e para Colíder porque mostra novas oportunidades e possibilidades aos empreendedores da cidade”, explica.

Além do evento, agentes de crédito da prefeitura foram capacitados pela equipe da Desenvolve MT. Atualmente, Colíder tem três agentes credenciados representando a Agência na cidade. O trabalho do parceiro no município é auxiliar e orientar os empresários que estão em busca do crescimento e expansão de seus negócios. 

Em Colíder, o empreendedor que tiver interesse em buscar o crédito pode procurar no endereço Avenida Tancredo Neves, nº 1005 – Centro – Setor Leste.

Para o diretor de Desenvolvimento e Crédito da Desenvolve MT, Helio Tito, a parceria entre a Agência e os órgãos do município para auxiliar os empresários locais é importante. 

“A Desenvolve MT desempenha um papel fundamental como facilitadora para aqueles que desejam iniciar seus empreendimentos. Como Agência de Fomento do Governo do Estado, uma das nossas missões é impulsionar a economia local, e parcerias como a que realizamos neste evento são essenciais para atingirmos esse objetivo”, ressaltou Helio Tito

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