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Sob o olhar dos ancestrais: uma jornada de fé e cura!

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Foto: Arquivo Pessoal/Soraya Medeiros
* Soraya Medeiros

O chão batido da casa dos pretos velhos vai além de ser um simples espaço físico; ele é um portal para um universo ancestral, onde fé, sabedoria e amor se entrelaçam, sempre guiados pela compaixão. Entre objetos antigos e cheiros que marcam, os guias espirituais tecem suas bênçãos, conectando presente e passado, enquanto abrem portas para um futuro banhado pela compaixão.

A influência da cultura afro-brasileira é profundamente enraizada na espiritualidade brasileira, e os pretos velhos, com sua sabedoria e humildade, desempenham um papel central nesse contexto. Essas entidades, que representam os ancestrais escravizados, carregam em si não apenas a história de resistência e dor, mas também a herança de fé, cura e compaixão. A espiritualidade afro-brasileira, marcada pelo sincretismo e pela diversidade, trouxe ao país uma maneira única de se relacionar com o sagrado, e os pretos velhos, como guias espirituais, tornaram-se pontes que ligam gerações e culturas, transmitindo ensinamentos valiosos que moldam a fé de milhões de brasileiros.

Além de espaços de fé, as casas dos pretos velhos cumprem um papel social vital como pontos de resistência cultural, apoio emocional e promoção da espiritualidade afro-brasileira. Durante séculos, esses locais preservaram tradições que foram marginalizadas, mantendo vivas as práticas ancestrais em meio a contextos de opressão e racismo. Mais do que centros espirituais, essas casas são refúgios onde as pessoas encontram acolhimento, amparo emocional e a reafirmação de suas identidades culturais. Ali, valores de coletividade, solidariedade e compaixão são transmitidos, fortalecendo as comunidades ao redor e oferecendo um suporte essencial para aqueles que buscam não apenas orientação espiritual, mas também apoio em momentos de sofrimento e vulnerabilidade.

As mulheres desempenham um papel fundamental nessas casas, tanto como médiuns quanto como guardiãs das tradições. São elas que, muitas vezes, sustentam e preservam o conhecimento ancestral transmitido de geração em geração, além de atuarem como pilares de suporte emocional e espiritual para suas comunidades. A atuação feminina é marcante, pois além de mediadoras entre o mundo espiritual e o material, as mulheres mantêm vivas as práticas e rituais que fortalecem a fé e a união dentro dos terreiros. Elas assumem papéis de liderança, cuidam dos espaços sagrados e perpetuam a tradição com dedicação e amor, enriquecendo ainda mais a espiritualidade afro-brasileira com sua presença e sabedoria.

Ao adentrar esse espaço sagrado, somos envolvidos por uma atmosfera única. A luz suave das velas, o aroma acolhedor do incenso e os cânticos que vibram em nossas almas despertam uma sensação de paz profunda, uma conexão espiritual e, acima de tudo, compaixão por todos os seres. Cada canto daquela casa conta histórias de amor e cuidado, cada objeto carrega memórias de acolhimento, e cada preto velho emana a sabedoria ancestral e a compaixão que abraça a todos. No centro do terreiro, o ambiente pulsa com a energia dos devotos que buscam orientação, cura e consolo. As mãos calejadas dos pretos velhos tocam nossas cabeças com ternura, transmitindo a força dos ancestrais e a mensagem divina de amor incondicional. Seus olhos, repletos de experiência e compaixão, enxergam além das aparências, revelando a verdade que habita cada um de nós.

As consultas com os pretos velhos são verdadeiras jornadas de autoconhecimento, em que a sabedoria simples deles nos guia pelos mistérios da vida. Seja através de cartas, búzios ou conselhos diretos, eles iluminam nosso caminho, revelando nosso passado, presente e futuro, sempre com base no amor universal. Com palavras sábias, nos orientam sobre os desafios da vida, oferecendo-nos ferramentas para superar obstáculos, tudo permeado por uma compaixão que abraça e cura.

Mas a casa dos pretos velhos não é apenas um lugar de consulta. É um espaço de acolhimento incondicional, onde todos, independentemente de crença, raça ou classe social, encontram refúgio para suas dores e angústias. Lá, podemos nos reconectar com nossa fé, com nossa essência e com a compaixão que une a todos os seres.

Quando a dureza do mundo pesa sobre os corações de seus “filhinhos”, os pretos velhos os acolhem, com afeto e consolo, oferecendo colo, palavras de conforto e a certeza de que a justiça divina prevalecerá. Eles nos ensinam que a compaixão é a força que move o universo, que o amor cura todas as feridas, e que a fé nos dá a força necessária para atravessar qualquer dificuldade.

Ao sair da casa dos pretos velhos, levamos conosco mais do que conselhos — saímos renovados, com a fé fortalecida e com o coração transbordando de amor. A chama da compaixão, acesa dentro de nós, nos guia. Os ancestrais continuam ao nosso lado, iluminando nossos passos com amor e sabedoria. Essa casa espiritual é um lar que acolhe, ensina e transforma, lembrando-nos de que o que realmente cura e transforma o mundo é o amor e a compaixão, em suas formas mais puras e infinitas.

*Soraya Medeiros é jornalista com mais de 22 anos de experiência, possui pós-graduação em MBA em Gestão de Marketing. É formada em Gastronomia e certificada como sommelier

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Cuidado! Isso pode não ser birra

É preciso ter cautela, pois nem sempre se trata de um típico comportamento infantil

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Foto: Angelo Varela/ALMT

Quem nunca presenciou uma criança chorando intensamente ou gritando por não conseguir algo? A primeira coisa que vem à mente é: que criança birrenta! Mas atenção! É preciso ter cautela, pois nem sempre se trata de um típico comportamento infantil. Em alguns casos, pode ser uma crise sensorial ou emocional decorrente do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Chegou a hora de abandonarmos antigos hábitos e abraçarmos uma visão mais verdadeira e alinhada com os desafios deste milênio.

A diferença entre uma birra e uma crise autista é sutil, mas compreender essa distinção é essencial para promover acolhimento e inclusão. No Brasil, no último censo em 2022, estima que cerca de 2 milhões de pessoas tenham Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Isso corresponde a cerca de 1% da população.

Neste mês, é trabalhado a campanha Abril Azul dedicado à conscientização do autismo, uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), que criou, em 2007, o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado em 2 de abril. A data busca também incentivar ações de inclusão das pessoas com o transtorno em nossa sociedade.

Estando como presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso e com um histórico político de trabalho voltada para o social, tenho a obrigação de trabalhar também por essa causa. Com a lei 11.880 de 2022, de minha autoria, instituímos o uso do Colar de Girassol como instrumento auxiliar de orientação, para a identificação de pessoas com deficiências ocultas, que também se enquadra o TEA. Afinal, é preciso entender que algumas doenças não são imediatamente visíveis.

E essa preocupação também trouxe para dentro da nossa Casa de Leis, por meio do projeto TEAr, desenvolvido pela Supervisão de Qualidade de Vida (Qualivida), em que capacitamos nossos servidores para práticas de atendimento e acolhimento a pessoas autistas e suas famílias para garantirmos que a inclusão social tanto no ambiente de trabalho quanto nos atendimentos feitos à população em nosso espaço cidadania.

Além disso, em parceria com o governo do Estado, representado pela primeira-dama, Virginia Mendes, realizamos um mutirão de cidadania que ofereceu a confecção de carteiras de identificação para autistas, certidões, entregas de colar de girassol e outros serviços. Vale lembrar, que a emissão da carteira pode ser feita por meio da Secretária de Assistência Social e Cidadania (Setasc). É um direito. Uma garantia que possibilita que o dia a dia dessas pessoas seja mais simples e acessível.

De acordo com os dados fornecidos pela Setasc, desde o início da emissão em 2021 até hoje foram entregues mais de 10 mil carteiras de identificação do autista. Fico muito feliz com esse número. É a política pública sendo aplicada para beneficiar a sociedade no dia a dia.


Max Russi

Presidente da ALMT

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