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A chegada dos trilhos é fator fundamental para nosso desenvolvimento econômico

Ontem participei de um grande ato público em prol da extensão da Ferrovia senador Vicente Vuolo até Cuiabá.

Realizado na sede da Federação das Indústrias, o evento do Fórum pró-ferrovia em Cuiabá, contou com a participação de lideranças empresariais e comunitárias, senadores, deputados federais, presidente da Assembleia, diversos prefeitos, inclusive o de Cuiabá, além do representante do governador.

Foi um encontro de enorme significado, tanto pelo conteúdo das informações técnicas apresentadas, quanto pela importância da união em torno dessa causa das principais lideranças políticas e sociais mato-grossenses.

Há vários anos tenho escrito nesse mesmo espaço artigos defendendo a magnitude estratégica dessa ferrovia para o desenvolvimento de Mato Grosso.

Possuímos uma privilegiada localização geográfica, no coração da América do Sul. Somos abençoados com água e sol em abundância, bem como solo fértil, o que nos confere enorme potencial energético e de produção de alimentos.

Nos últimos vinte anos, o trabalho de nossa gente permitiu a Mato Grosso um crescimento econômico muito superior à média nacional, além de nos ter convertido em sustentáculo da balança comercial brasileira e, por conseguinte, avalistas da saúde da economia nacional.

O que nos falta? Muita coisa sem dúvida, mas hoje o meu tema é logística.

Nossa infraestrutura rodoviária de ligação com os portos exportadores é precária, como testemunhou o recente mega-atoleiro de 4.000 caminhões na BR-163.

Nosso principal aeroporto, sob administração federal, é constantemente avaliado como um dos piores do país e ainda não oferece voos internacionais, malgrado a relativa proximidade com os países andinos. Nossas hidrovias são aproveitadas apenas em pequena fração de seu potencial. E as ferrovias, ah, as ferrovias!

Como cantava Emílio Santiago: “Tantas palavras, meias palavras …”

Quantas promessas, falsas promessas, de governantes que vieram a Mato Grosso e “lançaram” uma, duas, muitas ferrovias, com a mesma facilidade de Toquinho, na linda música Aquarela: “e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo”.

É preciso que em Brasília compreendam que a ferrovia trará ganhos significativos para o país e não só para Mato Grosso em pelo menos três esferas: a econômica, a humana e a ambiental.

Do ponto de vista econômico, a substituição do transporte rodoviário pelo ferroviário provoca a diminuição do valor do frete, reduzindo custos e tempo de transporte, o que significa que os grãos produzidos em Mato Grosso terão maior competitividade no mercado internacional e que os produtos aqui consumidos chegarão por um custo menor.

Do ponto de vista humano, milhões de toneladas de grãos que deixarão de circular nas rodovias representam a eliminação de dezenas de milhares de viagens de carretas pesadas. Isso significa que o trânsito nas rodovias irá melhorar muito, reduzindo o tempo de viagem dos demais usuários, bem como, principalmente, o número de acidentes fatais. Muitas vidas serão poupadas, bem como o sofrimento com internações hospitalares, custos com reabilitação etc. Ademais, o desgaste da pavimentação será menor, reduzindo os custos de manutenção.

Sob o enfoque ambiental, o transporte de grãos em caminhões pesados é responsável pela emissão quatro vezes maior de gases do efeito estufa em relação ao modal ferroviário, em gramas de dióxido de carbono (gCO2) por tonelada-quilômetro-útil (Tku).

Assim, o transporte ferroviário de milhões de toneladas nos milhares de quilômetros entre Mato Grosso e os portos do Atlântico representa uma redução de emissão de muitas milhões de toneladas de gases do efeito estufa, gerando significativo impacto ambiental positivo para o país e o planeta. Mesmo na etapa de obras de implantação, o impacto ambiental de uma ferrovia é menor que o de uma rodovia com o mesmo traçado.

 

A ferrovia até Cuiabá e depois Sinop é estratégica para o país.

Viva a ferrovia! Ferrovia já, até Cuiabá!

Luiz Henrique Lima é Conselheiro Substituto do TCE-MT

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Mulheres decidem eleições, mas minoria chega ao poder

O direito ao voto foi o primeiro passo. Noventa e cinco anos depois, o caminho segue longo e precisa ser percorrido com urgência

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Foto: Rodrigo Prates
Foto: Rodrigo Prates

Neste 3 de novembro de 2025, o Brasil celebra os 95 anos da aprovação, pelo Senado, do projeto que instituiu o voto feminino no Brasil. Essa conquista histórica rompeu uma das mais profundas barreiras da vida pública brasileira, a que mantinha metade da população afastada das decisões políticas.Passados 95 anos, porém, persiste a pergunta que atravessa gerações: essa vitória se traduziu, de fato, em igualdade nos espaços de poder?

Como presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, me deparo com uma realidade preocupante: nossa Casa conta com apenas uma deputada estadual, Janaína Riva. No Congresso Nacional, temos igualmente uma única representante do Estado, Gisela Simona, suplente que assumiu uma vaga na Câmara dos Deputados.

Apenas duas mulheres, em um Estado onde representam a maioria da população e do eleitorado.
O retrocesso se acentua. As eleições de 2024 revelam dados preocupantes: apenas 13 mulheres foram eleitas prefeitas em Mato Grosso, o que representa 9,22% dos 142 municípios do Estado. Em 2020, haviam sido eleitas 15. Das 13 atuais, nove foram reeleitas — ou seja, apenas quatro novas mulheres chegaram ao comando do Executivo municipal.

Enquanto o Brasil avança na direção da equidade de gênero na política, Mato Grosso segue na contramão. Nacionalmente, o número de prefeitas eleitas passou de 656, em 2020, para 724, em 2024.

No Estado, apenas 13 municípios elegeram mulheres para o cargo de prefeita: Alto Taquari, Aripuanã, Barra do Bugres, Barão de Melgaço, Cáceres, Glória d’Oeste, Jaciara, Nova Maringá, Pedra Preta, Ribeirão Cascalheira, Santa Cruz do Xingu, Santo Antônio de Leverger e Várzea Grande.

Esses dados não são meramente estatísticos — são o retrato de uma democracia que ainda exclui.
As mulheres mobilizam comunidades, decidem eleições, constroem bases políticas. Mas, quando chega a hora de ocupar cadeiras de poder, as portas permanecem fechadas. A presença feminina nos parlamentos ainda parece mais exceção do que regra.
As barreiras são conhecidas: financiamento que privilegia homens, estruturas partidárias dominadas por lideranças masculinas, machismo que questiona a competência das candidatas, dupla jornada e violência política de gênero. Tudo isso afasta as mulheres da política institucional.
Como homem em posição de poder, como presidente da Assembleia Legislativa, pai, marido, filho e avó, faço uma reflexão necessária: estamos abrindo portas ou apenas cumprindo protocolos?

Mulheres não podem ser tratadas como cotas a preencher ou escadas para angariar votos. Essa lógica perversa desrespeita sua capacidade, inteligência e competência para administrar. As mulheres trazem uma sensibilidade única para lidar com políticas públicas voltadas aos menos favorecidos  e isso não é fraqueza, é força que transforma realidades.
Sei o quanto é fundamental o papel da mulher em todas as áreas onde ela quiser atuar. Não por concessão, mas por direito e por mérito.

A sub-representação feminina em Mato Grosso não é culpa das mulheres mato-grossenses. É resultado de um sistema que impõe obstáculos onde deveria construir caminhos e oportunidades.
Bertha Lutz não lutou pelo voto feminino para que, 95 anos depois, as mulheres continuassem sendo exceção nos parlamentos. Ela lutou por igualdade real, participação efetiva e poder compartilhado.

A conquista do voto foi um passo fundamental, mas ainda incompleto. Hoje, precisamos avançar para a igualdade salarial plena, mulheres recebendo o mesmo que homens em todas as esferas, seja na vida pública ou na iniciativa privada. Competência não tem gênero. Salário também não deveria ter.
Precisamos admitir, a democracia brasileira continua incompleta. E a mato-grossense, mais ainda. Permanecerá assim enquanto metade da população estiver sub-representada.

O direito ao voto foi o primeiro passo. Noventa e cinco anos depois, o caminho segue longo e precisa ser percorrido com urgência.

Max Russi, deputado estadual e atual presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso

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