Opinião
Desenvolvimento e sustentabilidade devem caminhar juntos
Opinião

Por Irajá Lacerda
Uma boa parte da população brasileira ainda entende ser impossível aliar desenvolvimento econômico com sustentabilidade. Acredita que aumentar a produção significa levar o meio ambiente à extinção. Entretanto, é perfeitamente possível conciliar os dois fatores se a exploração dos recursos naturais for realizada de maneira racional e eficiente.
As áreas protegidas no nosso país tiveram um grande progresso desde a promulgação da Constituição Federal, em 1988. Quinta nação do mundo em extensão territorial, o Brasil é o primeiro em áreas protegidas, segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP) e da União Internacional para a Conservação da Natureza.
Recentemente, a Embrapa Monitoramento por Satélite realizou a primeira análise das informações de mais de 4 milhões de produtores inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e ficou demonstrado que o Brasil é uma potência em preservação ambiental com cerca de 67% de seu território em vegetação nativa preservada ou protegida.
Os cálculos da Embrapa mostram que as unidades de conservação protegem em vegetação nativa o equivalente a 13%, enquanto que os produtores preservam mais de 20% do país, ou seja, protegem mais vegetação nativa em seus imóveis do que todas as unidades de conservação juntas.
Na verdade, a nossa legislação ambiental faz com que todo produtor rural brasileiro seja um ambientalista, pois tem que preservar a vegetação nativa em 20% da área de seu imóvel na região da Mata Atlântica e da Caatinga. E esse número sobe para até 35% no caso dos Cerrados e atinge 80% na Amazônia. Detalhe: sem direito a nenhuma forma de compensação financeira ou de remuneração.
Além disso, a inovação e as tecnologias empregadas na atualidade permitem uma maior produção com menos impactos ao meio ambiente. Para se ter uma idéia, no período de 1990 a 2019, a produção brasileira de grãos aumentou 304%, com um incremento de rendimento de 145%, enquanto a expansão da área foi limitada a 66%. Isso mostra que os agricultores expandiram a produção agrícola aumentando a produtividade das culturas de forma mais eficiente.
É essencial conservar o ambiente em que vivemos e isso consiste em utilizar a natureza garantindo a sua sustentabilidade. Mas isso não significa guardar os recursos naturais, mas consumir de forma adequada, atendendo as necessidades atuais e considerando o uso desses recursos para as gerações futuras.
A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é justamente satisfazer as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. E não dá para ignorar que vivemos em um planeta com cerca de 8 bilhões de pessoas e que a produção de alimentos é imprescindível para a sobrevivência de todos.
Esse pensamento equivocado de que não é possível ser sustentável se houver desenvolvimento foi criado para beneficiar interesses internacionais. E nós, brasileiros, temos que entender que produzir é necessário e que isso não significa ser contrário a sustentabilidade.
Foto: Arquivo Pessoa
Irajá Lacerda é advogado e presidente da Comissão de Direito Agrário da OAB-Mato Grosso, presidiu a Câmara Setorial Temática de Regularização Fundiária da AL/MT e-mail: irajá[email protected]

Opinião
A importância de denunciar e manter a medida protetiva: um apelo às mulheres vítimas de violência doméstica

A violência doméstica é um problema grave que afeta milhares de mulheres em nosso estado, em todo o Brasil e no mundo. Todos os dias, mulheres enfrentam agressões físicas, psicológicas e emocionais em seus próprios lares, um espaço que deveria ser seguro e acolhedor.
Quando idealizei o programa SER Família Mulher, com auxílio de R$ 600, pensei em uma maneira de encorajar as vítimas a denunciar e, a partir da medida protetiva, dar apoio às mulheres para que elas não retornassem ao ciclo de violência.
Vale ressaltar que o programa não é somente um auxílio financeiro: nele, as vítimas têm uma rede de apoio psicossocial e também são encaminhadas para cursos de qualificação profissional. Porém, infelizmente, algumas dessas medidas são interrompidas porque a mulher acaba aceitando conviver novamente com o agressor, acreditando em promessas que, na maioria dos casos, acabam em tragédia.
É muito importante que a vítima siga todo o procedimento, pois levar a condição de proteção a rigor é imprescindível. Quebrar esse ciclo de violência é um processo difícil, mas possível. Denunciar o agressor e buscar ajuda das autoridades é o primeiro passo para interromper esse ciclo.
Muitas mulheres têm receio de denunciar, acreditando que não serão apoiadas ou que os agressores podem se vingar.
No entanto, a denúncia é um ato de coragem e proteção, e o sistema da Justiça tem mecanismos para garantir a segurança da vítima. Veja bem, quando uma mulher denuncia a violência doméstica, uma das ações mais importantes é o pedido de medida protetiva.
A medida protetiva é uma ordem judicial que visa afastar o agressor do convívio da vítima, garantindo sua integridade física e psicológica. Ela pode incluir, entre outras coisas, a proibição de contato, a distância mínima entre o agressor e a vítima, a suspensão do porte de armas e a garantia de apoio psicológico.
As medidas protetivas têm mostrado resultados significativos na proteção das mulheres. Elas são fundamentais para garantir que a vítima tenha tempo e segurança para se reerguer. No entanto, muitas mulheres não têm consciência de que, após a concessão da medida protetiva, é necessário mantê-la e garantir seu cumprimento.
A retirada ou o descumprimento das medidas pode colocar a vida da vítima em risco, assim como a de seus filhos, além de gerar um sofrimento irreparável para toda a família. O programa SER Família Mulher já atendeu 744 vítimas, e atualmente 527 mulheres estão com as medidas protetivas ativas, amparadas com o auxílio de R$ 600 e pela rede de apoio.
Recentemente, um crime de feminicídio em Confresa deixou toda a população abalada. Eu me arrepio todas as vezes que penso na cena daquela mãe segurando sua filha no colo, e o feminicida não teve piedade alguma, tirando uma vida e deixando suas filhas órfãs.
Sabe por que estou recordando esse caso? Porque Regiane Alves da Silva estava sob medida protetiva e acabou retomando o relacionamento com o homem, que, inclusive, já tinha uma ficha criminal com casos de violência doméstica. Manter a medida protetiva é um compromisso com a própria segurança.
Talvez você, que está lendo este artigo neste momento, não seja uma vítima de violência, mas é muito importante saber que a denúncia de terceiros também é aceita. A Lei Maria da Penha nº 11.340/2006 garante que qualquer pessoa pode denunciar a violência, inclusive quando a vítima não faz isso por conta própria. Em algumas circunstâncias, o terceiro pode ter um papel crucial para interromper o ciclo de violência e garantir a proteção da mulher.
Outro fato que quero relembrar: no mês de janeiro, uma ação rápida do 10º Batalhão de Polícia Militar, sob o comando do tenente-coronel PM Bruno Marcel, após receber uma denúncia de um terceiro, conseguiu impedir um crime de feminicídio, e o criminoso foi preso.
Se você está em uma situação de violência doméstica, procure ajuda imediatamente. Não permita que o medo ou o silêncio controlem sua vida. Acredite, você merece ser feliz, segura e livre.
Virginia Mendes é economista, primeira-dama de MT, voluntária nas ações de Governo por meio da Unidade de Ações Sociais e Atenção à Família (UNAF) e idealizadora do programa SER Família Mulher. Constantemente, ela tem cobrado do Congresso Nacional a reforma da constituição para que penas como prisão perpétua ou até mesmo pena de morte sejam aplicadas no Brasil.
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