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INTELIGÊNCIA SENSÍVEL

Consciência encarnada: o corpo que sente e sabe

A consciência é corpo — corpo vivo, suado, atento

Publicado em

Opinião

Foto: Assessoria/Reprodução

A consciência não é vapor etéreo nem labareda trancada atrás da testa. Não é sopro metafísico preso a uma ideia. A consciência é corpo — corpo vivo, suado, atento. É carne que sente, é sangue que corre com pressa, é pulmão que se enche de mundo. Somos consciência porque somos carne que pulsa, pele que pressente, vísceras que reagem ao que as palavras não conseguem nomear. Cada sensação é um esboço de saber. Cada calafrio, uma forma de inteligência em ato.

A consciência não mora só na mente. Ela dança nas mãos que tocam o outro, se acende na pele que se arrepia, se esconde no estômago que revira diante do medo. A consciência é matéria sensível: pulsa no que há de mais sutil — e mais bruto — em nós.

Por séculos, fomos ensinados a separar o pensamento da carne, como se fosse possível flutuar acima da nossa própria biologia. Mas a ciência e a sensibilidade — quando caminham juntas — desmentem esse corte. O cérebro não pensa sozinho: ele conversa com o coração, com a pele, com os intestinos. Ele só é mente porque é corpo inteiro. Somos um campo de forças, um feixe de reações entre o que sentimos por dentro e o que o mundo nos impõe por fora.

Sentir dor não é apenas disparo neurológico — é a consciência gritando em forma de músculo. Um insight não é raio que cai do céu — é sintonia entre respiração e pensamento. O corpo é um oráculo antigo: pressente antes que a mente formule, reage antes que o juízo chegue. Ele carrega a memória dos silêncios e o eco do que um dia foi vivido.

Por isso, falar de consciência é falar do corpo que sonha e sofre, do gesto que escapa, do arrepio que antecipa. É falar de sangue e sombra, de suor e silêncio, de tudo aquilo que nos atravessa antes da linguagem.

Redescobrir a consciência encarnada é um gesto de reintegração. É dar à carne o que foi tomado pela abstração. É reencantar o corpo com o direito de sentir e o dever de saber. Pensar, afinal, é também transpirar, mastigar, andar, cochilar, hesitar. Somos seres pensantes porque somos seres que tremem, que tocam, que temem, que amam.

A consciência não é uma torre de marfim flutuando acima da vida. Ela é a própria vida — quando habitada por dentro.

*Luiz Hugo Queiroz é jornalista, especialista em Marketing Político, estudioso em Inteligência Artificial e amante da cultura, o levando a dirigir a maior mostra de arquitetura, arte, design, interiores e paisagismo das américas em Mato Grosso, a CASACOR.

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Opinião

Farmácia que cura: Além do comércio, o cuidado!

Mas algo silencioso está mudando. E essa mudança começa onde ninguém olhava: no balcão da farmácia

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Vivemos tempos em que o cuidado se tornou escasso, e a pressa parece ditar o ritmo de tudo. Na saúde, essa pressa se traduz em olhares breves, atendimentos cronometricamente contidos, prescrições rápidas. E no meio desse sistema apressado, o farmacêutico quase sempre foi colocado como coadjuvante — um elo silencioso entre a doença e o alívio, entre o diagnóstico e a embalagem do remédio.

Mas algo silencioso está mudando. E essa mudança começa onde ninguém olhava: no balcão da farmácia. Por muito tempo, esse espaço foi visto apenas como extensão da prescrição médica. Um lugar para pegar o que foi indicado e seguir caminho. Mas hoje, a farmácia comunitária se revela como um dos poucos espaços de escuta ainda acessíveis à população. E o farmacêutico que escolhe ouvir — verdadeiramente ouvir — se torna mais do que um profissional técnico. Ele se torna um guardião de vínculos e um facilitador de saúde real.

Isso não significa abandonar a ciência ou negligenciar protocolos. Pelo contrário. Significa aplicá-los com humanidade. Significa entender que uma queixa de insônia pode esconder mais do que noites mal dormidas. Pode ser solidão, ansiedade, luto não elaborado. Que um corpo cansado pode estar pedindo mais do que uma vitamina: pode estar implorando por sentido.

É nesse espaço de interpretação sensível que os suplementos, as vitaminas e os fitoterápicos ganham novo significado. Não como produtos de prateleira, mas como ferramentas que ampliam o cuidado, desde que orientadas com ética, ciência e sensibilidade. Em um país onde muitos não conseguem acessar especialistas, esses recursos podem ser o primeiro passo para resgatar o equilíbrio físico e emocional.

E quando o farmacêutico recomenda um produto com base em escuta, contexto e vínculo, ele está entregando muito mais do que um composto químico. Está entregando atenção. Está dizendo, com ações silenciosas, “eu me importo com você”.

Estudos e experiências práticas confirmam: quando o atendimento é humanizado, o paciente volta. E não volta apenas porque precisa de mais comprimidos. Volta porque ali encontrou cuidado. Encontrou alguém que explicou, que acolheu, que não tratou sua dor como rotina.

Mas nada disso se improvisa. A farmácia que cura é feita de profissionais preparados. De gente que estuda, que se atualiza em práticas integrativas, que conhece o funcionamento dos fitoterápicos e suplementos, mas também reconhece o cansaço no olhar de quem chega. Porque cuidar exige mais do que saber — exige presença, empatia e disponibilidade emocional.

Nesse contexto, o farmacêutico reencontra o sentido mais profundo da sua missão: ser ponte, ser presença, ser saúde. E a farmácia, antes vista como comércio, ganha nova identidade. Passa a ser extensão da atenção básica, abrigo para quem não encontrou respostas em nenhum outro lugar.

Talvez a maior revolução que possamos fazer hoje na saúde não esteja nos grandes centros, nos equipamentos caros ou nas tecnologias futuristas. Talvez esteja na simplicidade de um atendimento com escuta, em uma recomendação feita com consciência, no gesto de devolver dignidade ao cuidado. Porque quando a farmácia deixa de vender para simplesmente cuidar, ela não é mais ponto de venda. Ela se torna ponto de encontro. De cura. De humanidade.

*Isanete Geraldini Costa Bieski é farmacêutica clínica integrativa, doutora em Ciências da Saúde pela UFMT. Conselheira e secretária-geral do CRF-MT. @dra.isafito @ansiedade.draisafito

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