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Às Mulheres, o Direito!

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Por: Ítallo Leite

A mitologia grega já descrevia a justiça como uma mulher. Têmis, a deusa primordial, filha do sol e da terra, ainda hoje empunha a balança com que equilibra a razão do julgamento e nos serve de símbolo maior nas atividades relacionados ao Direito. Nas narrativas mitológicas, Têmis foi perseguida por Zeus e enfrentou diversos percalços. Assim como ela, muitas outras mulheres foram perseguidas, lutaram e precisaram ter muita coragem para que chegássemos até aqui. 

Hoje podemos discutir abertamente questões como a igualdade de gênero, empoderamento feminino, paridade salarial. Um avanço feito sobre suor e lágrimas de muitas mulheres que buscaram justiça. Podemos comemorar, mas ainda estamos longe de ser igualitários e justos.

Nos desafios da advocacia moderna, o universo feminino ainda enfrenta situações particulares e trava lutas medievais para provar seu valor. As mulheres são quase 50% dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ainda assim sofrem com a desigualdade salarial, com as condições de trabalho, com o desrespeito. Construir uma carreira e ter reconhecimento demanda muito mais esforço porque elas são preteridas pela possibilidade de engravidar ou pelas atividades da maternidade, são ameaçadas em suas atividades profissionais, são excluídas dos cargos de liderança. Essa cultura machista precisa chegar ao fim. Basta.

Travamos uma luta diária na Caixa de Assistência dos Advogados (CAA/MT) e na OAB-MT para quebrar esse ciclo. Contamos, atualmente, com 70% da diretoria formada por mulheres. No interior de Mato Grosso, 55% dos representantes da CAA/MT também são mulheres. Pagamos auxílio maternidade para advogadas e estagiárias adimplentes, conquistamos o direito de preferência à advogada gestante e lactante em audiências e sustentações orais, assim como 30% das vagas em palestras realizadas pelo Sistema OAB-MT são destinadas às mulheres. 

Incentivamos a participação feminina nos torneios esportivos, ampliamos os convênios nos segmentos de saúde, beleza e moda e desenvolvemos uma ampla programação durante todo o mês de março, em Cuiabá e no interior, para atividades que valorizam a mulher e nos ajudam a encontrar caminhos para avançar cada vez nessa busca por igualdade.

Não podemos deixar de falar sob um dos aspectos mais espinhosos do universo feminino: a violência. O Brasil é o quinto país em número de feminicídios no mundo. Uma mulher é morta a cada 7 horas no país, por violência doméstica ou condição de gênero, segundo os registros oficiais. E os índices crescem a cada ano. Por isso, foi implementada a cláusula de inidoneidade para bacharel que requer carteira da OAB. Se ele tiver processo de violência contra a mulher, não pode ser inscrito na Ordem.

As mulheres sempre lutaram e seguem firme no seu propósito de conquistar espaço pelo profissionalismo e competência. Mas cabe a nós homens, sermos o grande vetor de mudança. Somos nós que precisamos entender e mudar de posicionamento para acelerar esse processo e alterar as estatísticas. A igualdade, a paridade entre homens e mulheres tem que ser lugar comum e as nossas lutas devem ser por outras questões que possam melhorar a qualidade de vida de todos nós, sem distinção de gênero.

Que a balança de Têmis nos inspire e nos permita encontrar o ponto de equilíbrio, porque a advocacia é muito maior com as mulheres.

Foto: Itallo Leite

Ítallo Leite é presidente da Caia de Assistência dos Advogados de Mato Grosso (CAA/MT)

 

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A importância de denunciar e manter a medida protetiva: um apelo às mulheres vítimas de violência doméstica

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A violência doméstica é um problema grave que afeta milhares de mulheres em nosso estado, em todo o Brasil e no mundo. Todos os dias, mulheres enfrentam agressões físicas, psicológicas e emocionais em seus próprios lares, um espaço que deveria ser seguro e acolhedor. 

Quando idealizei o programa SER Família Mulher, com auxílio de R$ 600, pensei em uma maneira de encorajar as vítimas a denunciar e, a partir da medida protetiva, dar apoio às mulheres para que elas não retornassem ao ciclo de violência.

Vale ressaltar que o programa não é somente um auxílio financeiro: nele, as vítimas têm uma rede de apoio psicossocial e também são encaminhadas para cursos de qualificação profissional. Porém, infelizmente, algumas dessas medidas são interrompidas porque a mulher acaba aceitando conviver novamente com o agressor, acreditando em promessas que, na maioria dos casos, acabam em tragédia.

É muito importante que a vítima siga todo o procedimento, pois levar a condição de proteção a rigor é imprescindível. Quebrar esse ciclo de violência é um processo difícil, mas possível. Denunciar o agressor e buscar ajuda das autoridades é o primeiro passo para interromper esse ciclo. 

Muitas mulheres têm receio de denunciar, acreditando que não serão apoiadas ou que os agressores podem se vingar. 

No entanto, a denúncia é um ato de coragem e proteção, e o sistema da Justiça tem mecanismos para garantir a segurança da vítima. Veja bem, quando uma mulher denuncia a violência doméstica, uma das ações mais importantes é o pedido de medida protetiva. 

A medida protetiva é uma ordem judicial que visa afastar o agressor do convívio da vítima, garantindo sua integridade física e psicológica. Ela pode incluir, entre outras coisas, a proibição de contato, a distância mínima entre o agressor e a vítima, a suspensão do porte de armas e a garantia de apoio psicológico.

As medidas protetivas têm mostrado resultados significativos na proteção das mulheres. Elas são fundamentais para garantir que a vítima tenha tempo e segurança para se reerguer. No entanto, muitas mulheres não têm consciência de que, após a concessão da medida protetiva, é necessário mantê-la e garantir seu cumprimento. 

A retirada ou o descumprimento das medidas pode colocar a vida da vítima em risco, assim como a de seus filhos, além de gerar um sofrimento irreparável para toda a família. O programa SER Família Mulher já atendeu 744 vítimas, e atualmente 527 mulheres estão com as medidas protetivas ativas, amparadas com o auxílio de R$ 600 e pela rede de apoio.

Recentemente, um crime de feminicídio em Confresa deixou toda a população abalada. Eu me arrepio todas as vezes que penso na cena daquela mãe segurando sua filha no colo, e o feminicida não teve piedade alguma, tirando uma vida e deixando suas filhas órfãs. 

Sabe por que estou recordando esse caso? Porque Regiane Alves da Silva estava sob medida protetiva e acabou retomando o relacionamento com o homem, que, inclusive, já tinha uma ficha criminal com casos de violência doméstica. Manter a medida protetiva é um compromisso com a própria segurança.

Talvez você, que está lendo este artigo neste momento, não seja uma vítima de violência, mas é muito importante saber que a denúncia de terceiros também é aceita. A Lei Maria da Penha nº 11.340/2006 garante que qualquer pessoa pode denunciar a violência, inclusive quando a vítima não faz isso por conta própria. Em algumas circunstâncias, o terceiro pode ter um papel crucial para interromper o ciclo de violência e garantir a proteção da mulher.

Outro fato que quero relembrar: no mês de janeiro, uma ação rápida do 10º Batalhão de Polícia Militar, sob o comando do tenente-coronel PM Bruno Marcel, após receber uma denúncia de um terceiro, conseguiu impedir um crime de feminicídio, e o criminoso foi preso.

Se você está em uma situação de violência doméstica, procure ajuda imediatamente. Não permita que o medo ou o silêncio controlem sua vida. Acredite, você merece ser feliz, segura e livre.

Virginia Mendes é economista, primeira-dama de MT, voluntária nas ações de Governo por meio da Unidade de Ações Sociais e Atenção à Família (UNAF) e idealizadora do programa SER Família Mulher. Constantemente, ela tem cobrado do Congresso Nacional a reforma da constituição para que penas como prisão perpétua ou até mesmo pena de morte sejam aplicadas no Brasil.

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