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A força dos conselhos para empresas familiares

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Foto: Arquivo Pessoal/ Cristhiane Brandão

Cristhiane Brandão

Empresas familiares são pilares da economia global, responsáveis por uma parcela significativa do PIB em diversos países, entre eles o Brasil. Contudo, elas enfrentam vários desafios para se manterem firmes em um mercado em constante evolução, o que vem exigindo um conjunto de estratégias que garantam a sua perenidade.

As questões que afetam essas empresas geralmente são similares, entre elas, falta de planejamento da sucessão, o que faz com que apenas 25% sobrevivam à segunda geração; conflitos de interesse entre as posições ocupadas pela família no negócio e geram desarmonia; e a falta de profissionalização da gestão.

Com a governança familiar e a governança corporativa, vai ser possível construir um conjunto de processos, normativas, estruturas e práticas para otimizar o valor da empresa, assegurar sua longevidade e alinhar os objetivos da família para com seus investimentos e negócios. Dessa forma proprietários, colaboradores, sociedade, e outros stakeholders envolvidos podem sentir sustentabilidade e crescimento.

Um dos primeiros passos nessa jornada é a criação de conselhos, entre eles, o Conselho de Família, o Conselho de Administração e/ou o Conselho Consultivo. Cada um com a sua função, sendo o primeiro responsável por definir os valores e a missão da família, além de discutir questões familiares como interesses, conflitos, expectativas, ética, conduta, entre outros.

Já o Conselho de Administração é um órgão colegiado composto por profissionais, executivos e especialistas multidisciplinares com a função de zelar pelo direcionamento estratégico, reestruturação de processos e com o retorno positivo sobre os investimentos. Por fim, temos o Conselho Consultivo, um órgão colegiado que auxilia os sócios e acionistas na tomada de decisões estratégicas.

Apesar de ser apenas orientativo, o Conselho Consultivo é um importante passo para profissionalizar a empresa, pois reúne funções como: reforçar e alinhar missão e valores da empresa; construir visão de longo prazo e monitorar a condução da estratégia do negócio; melhorar a qualidade dos relatórios gerenciais; sugerir ou aprimorar mecanismos de gestão de riscos, ética, inovação e de transações entre partes relacionadas; ainda facilitar a comunicação.

A presença de conselheiros independentes cria um espaço salutar para mediar divergências e alinhar os interesses de todos os membros da família. Além disso, permite insights valiosos que poderão orientar (os membros dos outros dois conselhos) em decisões voltadas aos interesses do mercado. Na prática, esse olhar técnico e apurado vai fazer a diferença no sentido de observar oportunidades e evitar riscos, estando sempre um passo à frente.

Na hora de compor o Conselho Consultivo, busque, primeiramente, conhecimento. Priorize a composição a partir de especialistas em suas áreas de atuação, que podem administração, vendas, jurídico, marketing, além de conselheiros profissionais, que possuem certificação em governança corporativa e podem promover a manutenção das boas práticas de governança.

Outro fato primordial é que sejam profissionais independentes e que não atuem de modo a não favorecer algo ou alguém e, consequentemente, criem conflitos de interesses com ou entre os sócios. Vale a pena investir em diversidade: de idades, gêneros, áreas de atuação e conhecimentos especializados. Quanto mais pontos de vista complementares, mais ricas serão as recomendações para a organização.

Recentemente, estive em São Paulo com a presidente do Conselho do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, listada pela revista Time como uma das 100 mulheres mais influentes do mundo. Ela diz que em sua sala de trabalho há uma frase de São Francisco de Assis que sempre a direciona: “Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e, de repente, você estará fazendo o impossível”.

Atuando há quase uma década com Governança Familiar, observo que o início dessa jornada é desafiador. Começamos fazendo o necessário, com muita determinação e resiliência, para depois ampliarmos para o possível. Então, o que parecia impossível se torna uma realidade: transformamos cenários que poderiam significar um “fim” em um “futuro” promissor para a empresa familiar.

Cristhiane Brandão, Conselheira de Administração, Consultora em Governança para Empresas Familiares e Coordenadora do Capítulo Brasília/Centro Oeste do IBGC.

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Consciência encarnada: o corpo que sente e sabe

A consciência é corpo — corpo vivo, suado, atento

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Foto: Assessoria/Reprodução

A consciência não é vapor etéreo nem labareda trancada atrás da testa. Não é sopro metafísico preso a uma ideia. A consciência é corpo — corpo vivo, suado, atento. É carne que sente, é sangue que corre com pressa, é pulmão que se enche de mundo. Somos consciência porque somos carne que pulsa, pele que pressente, vísceras que reagem ao que as palavras não conseguem nomear. Cada sensação é um esboço de saber. Cada calafrio, uma forma de inteligência em ato.

A consciência não mora só na mente. Ela dança nas mãos que tocam o outro, se acende na pele que se arrepia, se esconde no estômago que revira diante do medo. A consciência é matéria sensível: pulsa no que há de mais sutil — e mais bruto — em nós.

Por séculos, fomos ensinados a separar o pensamento da carne, como se fosse possível flutuar acima da nossa própria biologia. Mas a ciência e a sensibilidade — quando caminham juntas — desmentem esse corte. O cérebro não pensa sozinho: ele conversa com o coração, com a pele, com os intestinos. Ele só é mente porque é corpo inteiro. Somos um campo de forças, um feixe de reações entre o que sentimos por dentro e o que o mundo nos impõe por fora.

Sentir dor não é apenas disparo neurológico — é a consciência gritando em forma de músculo. Um insight não é raio que cai do céu — é sintonia entre respiração e pensamento. O corpo é um oráculo antigo: pressente antes que a mente formule, reage antes que o juízo chegue. Ele carrega a memória dos silêncios e o eco do que um dia foi vivido.

Por isso, falar de consciência é falar do corpo que sonha e sofre, do gesto que escapa, do arrepio que antecipa. É falar de sangue e sombra, de suor e silêncio, de tudo aquilo que nos atravessa antes da linguagem.

Redescobrir a consciência encarnada é um gesto de reintegração. É dar à carne o que foi tomado pela abstração. É reencantar o corpo com o direito de sentir e o dever de saber. Pensar, afinal, é também transpirar, mastigar, andar, cochilar, hesitar. Somos seres pensantes porque somos seres que tremem, que tocam, que temem, que amam.

A consciência não é uma torre de marfim flutuando acima da vida. Ela é a própria vida — quando habitada por dentro.

*Luiz Hugo Queiroz é jornalista, especialista em Marketing Político, estudioso em Inteligência Artificial e amante da cultura, o levando a dirigir a maior mostra de arquitetura, arte, design, interiores e paisagismo das américas em Mato Grosso, a CASACOR.

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