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Professora da Unemat é presa após manifestação em Campos de Júlio

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Da Redação

Uma professora da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) identificada como Lisanil Conceição Patrocínio Pereira foi presa após fazer uma manifestação no palco de uma festa que estava acontecendo na cidade de Campos de Júlio (553 km de Cuiabá).

De acordo com as informações, a professora universitária subiu ao palco para protestar contra Jair Bolsonaro, durante a manifestação, cerca de sete homens, que seriam policiais civis e seguranças da festa, de maneira truculenta carregaram Lisanil para fora do palco e algemada, ainda de acordo com as informações, as partes intimas da professora ficaram à mostra.

Após ser carregada para fora do evento, policiais a levaram para o hospital onde aplicaram calmantes sem o consentimento da professora e posteriormente ela foi levada para a delegacia onde passou a noite.

Segundo informações de alunos que foram até a delegacia após ficarem sabendo do ocorrido, a delegada responsável afirmou que se fosse pago um valor de R$ 2.400,00 em dinheiro vivo como fiança Lisanil seria libertada, após uma vaquinha, os alunos retornaram para a delegacia com o dinheiro da fiança, porém, a delegada se recusou a libertar a professora, que passou a noite na cela.

A Associação dos Docentes da Unemat (Adunemat) divulgou uma nota repudiando o ocorrido, de acordo com a vice-presidente da Adunemat, Edna Sampaio, a professora foi exposta a uma situação vexatória, onde foi utilizado a força de uma forma desproporcional, ainda repudiou o fato da professora ter sido levada para o hospital onde lhe foi aplicada uma alta dose de calmante, sem seu concentimento que a deixou dopada.

Um vídeo foi gravado no momento em que Lisanil estava sendo presa, no vídeo é possível observar a forma despreparada na qual os sete homens agiram contra a professora universitária, além disso, pessoas gritavam e rechaçavam a professora no momento da prisão.

Lisanil é professora da Unemat a 15 anos, e estava na cidade desde o dia 06 de outubro onde ministrava aulas de Economia Política no curso de Direito, segundo relatos de alunos da professora, desde que a mesma começou a ministrar as aulas, ela estava sendo vítima de assedio moral por conta de seu direcionamento político.

Na nota divulgada pela Adunemat, a ação dos policiais foi classificada como “a mais absurda violência física e moral”, ainda de acordo com a nota, o fato caracterizou a violação da dignidade humana enquanto docente do ensino superior, trabalhadora, mãe e chefe de família.

A nota explica ainda, que logo na sua chegada na cidade, a professora foi recepcionada por estudantes que pesquisaram sua vida através das redes sociais e apresentaram animosidade em virtude da orientação política da docente.

Ainda de acordo com a nota, no dia da sua prisão, Lisanil procurou um restaurante para almoçar, porém, devido ao evento que estava acontecendo na cidade, todos estavam fechados, o que fez a professora ir na festa promovida pela Igreja Católica, no Salão Paroquial da cidade. A professora estava usando uma camiseta com os dizeres “Lute como uma garota” e “Lula Livre”, segundo pessoas que estavam no local, a todo momento ela era abordada pelos presentes que comentavam e a olhavam de maneira constrangedora para a professora.

Em dado momento, a professora resolveu pedir para que a banda que estava presente no evento, tocasse algumas músicas mato-grossenses, de acordo com a nota, o fato irritou os organizadores do evento que chamaram a polícia, e ela foi levada ao hospital e posteriormente para a delegacia.

“Com a truculência que é própria dos fascistas, a professora foi arrastada pelo palco e pela escada abaixo, ficando à mostra suas partes intimas. Deixada ao chão por um instante e, posteriormente, levada à delegacia algemada com mãos para trás do corpo. “diz trecho da nota.

A professora apenas foi liberada na segunda-feira (14) após a chegada de representantes da Adunemat, que retornaram com a mesma para a capital, segundo as informações, Lisanil ficou bastante abalada e passou por atendimento psicológico após o fato.

Nossa equipe de reportagem está tentando entrar em contato com a Igreja Católica de Campos de Julio, assim como na delegacia de Polícia Civil, assim que tivermos uma resposta apresentaremos a versão dos envolvidos.

Veja a nota na íntegra:

NESTE DIA D@S PROFESSOR@S, EXIGIMOS RESPEITO!

EM DEFESA DA PROFESSORA LISANIL C. PATROCÍNIO.

A Associação dos Docentes da Universidade do Estado de Mato Grosso – ADUNEMAT, Seção Sindical-SN, vem a público prestar apoio e solidariedade à professora Dra. Lisanil Conceição Patrocínio Pereira, professora da UNEMAT há mais de 15 anos, lotada no Campus de Juara. E, no mesmo ato, repudiar a truculência de policiais, populares e o pároco da igreja católica de Campos de Júlio, conhecido como Frei Sojinha.
No último domingo (13), a professora foi vítima da mais absurda violência física e moral, caracterizando violação de sua dignidade humana enquanto docente do ensino superior, trabalhadora, mãe, chefe de família.
Lisanil encontrava-se no município de Campus de Júlio, onde ministrava aulas na turma especial de Direito da UNEMAT, desde o dia 06 de outubro. Já em sua chegada para ministrar as aulas de economia política, foi recepcionada por estudantes que pesquisaram sua vida pelo facebook e, apresentaram animosidade em razão de sua orientação política de esquerda, conforme relatos de pessoas que conviveram com ela naquele curso.
Vestida com uma camiseta “Lute como uma Garota” e na lateral “Lula Livre” e, sem opção de um restaurante para almoçar, a professora acreditou que poderia ir a uma festa da Igreja Católica, no salão paroquial, onde estava boa parte da sociedade católica do lugar. Entretanto, foi abordada de forma ostensiva pelos presentes que comentavam e a olhavam com estranheza e desdém pelas marcas de sua orientação política, estampada na camiseta.
À certa altura da festa, a professora Lisanil subiu ao palco, num impulso de reivindicar músicas mato-grossenses. Como incomodou os organizadores da festa, o pároco (conhecido como Frei Sojinha por sua relação preferencial com os grandes produtores de grãos), resolveu chamar a polícia para que tirasse a professora do palco. Imediatamente, quase uma dezena de homens apareceu para deter a professora e levá-la a força para fora daquele lugar.
Com a truculência que é própria dos fascistas, a professora foi arrastada pelo palco e pela escada abaixo, ficando à mostra suas partes intimas. Deixada ao chão por um instante e, posteriormente, levada à delegacia algemada com mãos para trás do corpo. Como se debatia muito, revoltada com a situação, foi levada ao hospital onde injetaram tranquilizantes que a fizeram ficar sem condições de ser ouvida pela delegada, obrigando-a passar a noite numa cela onde a fossa séptica aberta estava ao lado o fino colchão onde iria dormir.
Que crime a professora cometeu? Que periculosidade tinha uma mulher sozinha, desarmada e sem qualquer habilidade física para enfrentar os brutamontes que a atacaram? O que justificou tamanha violência senão o ódio às mulheres consideradas perigosas por serem autônomas e por terem posição política e a coragem de enfrentar um estado ainda patriarcal e violento?
A violência inaceitável contra a professora Lisanil é um crime de ódio que envolve um dirigente da igreja católica que incitou tal brutalidade contra a professora e, agentes do Estado que deveriam protegê-la. Além disso, foi testemunhado por uma plateia onde havia pessoas delirantes, fiéis de uma igreja, seguidores de um Frei que de amor e empatia nada sabe. Gritavam palavras de baixo calão contra a professora e filmavam tudo enquanto se deliciavam aos risos, com o horror que produziam.
A ADUNEMAT, sindicato ao qual a professora Lisanil é filiada desde que entrou para a UNEMAT, não se calará diante do fascismo crescente que avança no interior de Mato Grosso e em todo Brasil. Essas pessoas desconhecem qualquer sombra de civilidade, de respeito à diversidade e, por isso, não conseguem compreender o sentido de uma Universidade, constituída de múltiplos olhares e sentidos, de visões políticas e de mundo, todas necessárias e merecedoras de respeito e convivência pacífica. O risco que esses fascistas impõem à Universidade é sua destruição, pelo silenciamento, pela tentativa de destruir qualquer traço de autonomia de pensamento, de ideias, o ódio ao conhecimento e o elogio à ignorância e à brutalidade.
Da parte da ADUNEMAT, demos e daremos todo respaldo à professora e, exigimos que a UNEMAT, nas suas instâncias assuma uma postura diante dos fatos que vem ocorrendo. Este é o terceiro caso de professor/a ameaçado/a, agredido/a por sua posição política no interior de Mato Grosso. O ensino superior não pode se transformar num caso de polícia em Mato Grosso e, as instituições precisam atuar no sentido de coibirem práticas fascistas que querem não apenas intimidar como, também, aniquilar os corpos não docilizados dos/as professores/as.
À professora Lisanil, não apenas nossa solidariedade neste dia dos professores, mas a nossa luta continua em defesa da Universidade e do direito dos professores à liberdade de pensamento, de cátedra e de modos de vida que lhe permitam exercer com amorosidade a profissão que escolheram. Que não permitamos que a crítica, base do trabalho intelectual, seja criminalizada por aqueles que cultivam o ódio e a ignorância. Contem com a ADUNEMAT, nossa força e nossa voz.
Basta de violência, basta de opressão!
Que neste dia dos professores e das professoras, tenhamos ainda mais força para continuarmos a luta em defesa da educação.

A DIRETORIA DA ADUNEMAT

Cáceres, 15 de outubro de

 

 

 

 

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Primeira-dama de MT critica liberação de autor de crime bárbaro

Virginia Mendes manifesta indignação após decisão judicial que autorizou liberação de homem que arrancou coração da tia em 2019

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Reprodução / Redes sociais

A primeira-dama de Mato Grosso, Virginia Mendes, manifestou repúdio à decisão judicial que autorizou a saída de Lumar Costa da Silva, de 34 anos, do hospital psiquiátrico em Cuiabá. O homem ficou conhecido nacionalmente após assassinar e arrancar o coração da própria tia em 2019, na cidade de Sorriso (MT).

Nas redes sociais, Virginia classificou a liberação como um choque à memória coletiva e à confiança na Justiça. “Com profunda indignação e perplexidade recebo a notícia da liberação de um homem que cometeu um crime brutal e chocante, que ainda dói na memória de todos nós”, afirmou. A primeira-dama também questionou o sistema jurídico: “Como podemos falar em segurança e justiça diante de uma decisão como essa?”

Virginia destacou que, mesmo com laudos que apontam estabilidade clínica, o risco permanece evidente. “Essa decisão assusta. Abala a confiança da sociedade nas instituições e escancara o quanto ainda precisamos lutar por leis mais firmes e pela proteção da vida”, completou.

A decisão foi assinada pelo juiz Geraldo Fernandes Fidelis Neto, com base em pareceres médicos que apontam que Lumar está estável e não precisa mais de internação. Ele seguirá tratamento ambulatorial no CAPS de Campinas (SP), com restrições severas: não pode sair da cidade sem autorização judicial, frequentar locais como casas noturnas ou consumir álcool e drogas.

O crime chocou o país. Em julho de 2019, Lumar matou a tia Maria Zélia da Silva, de 55 anos, e entregou o coração da vítima para uma das filhas dela. À época, confessou o crime e declarou: “Matei e não me arrependo. Eu ouço o universo, o universo fala comigo sempre e me disse: mata ela logo, ela tem que morrer.”

Antes de chegar a Mato Grosso, o autor já havia tentado matar a própria mãe em Campinas (SP). Mesmo considerado perturbado e perigoso, o sistema judicial agora opta por um modelo de liberdade assistida — decisão que reacende o debate sobre segurança, saúde mental e a responsabilidade do Estado diante de crimes de extrema crueldade.

“Não podemos normalizar a barbárie”, concluiu Virginia Mendes em tom de alerta à sociedade.

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