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Delegada, escrivã e investigadora falam sobre a rotina de serem mães e policiais

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Da Redação

 

Policiais e mães. Não importa qual o cargo que ocupem, elas conciliam a dureza do trabalho policial com a responsabilidade de serem mães e educadoras. Assim é a rotina de muitas mães policiais, sejam civis, militares ou guardas municipais. Quando chegam em casa, encontram o olhar doce dos filhos e, naquele momento, esquecem as dificuldade da profissão.

As histórias de uma delegada, uma escrivã e uma investigadora da Polícia Judiciária Civil (PJC-MT) representam a rotina de tantas outras mulheres que harmonizam a atividade profissional com a vida de mãe.

Ser mais suave

Se ser mãe é padecer no paraíso, imagina para quem é delegada de polícia e convive diariamente com o drama, a violência e a criminalidade cometidas contra famílias inteiras. “Ter filho torna a gente muito melhor. Sinto que tinha outra personalidade antes deles nascerem. Você se suaviza e passa a ter medo de tudo, em razão deles”, conta a delegada regional de Nova Mutum, Alessandrah Marquez Alecrim.

Mãe de Marcelo Alecrim Ferronato, de 13 anos, e Mariana Alecrim Ferronato, de oito anos, a delegada iniciou sua carreira em 2003, na cidade de Cáceres, onde nasceu o primeiro filho, logo nos primeiros anos de ingresso na Polícia Judiciária Civil.

“A gente, que trabalha no interior, está sempre de sobreaviso. A rotina é extremamente cansativa, ainda mais no Cisc, que tinha 53 servidores. Eu chegava em casa com a cabeça ‘quente’ e tinha duas pessoas para dar atenção”, lembra.

Delegada novata, no começo de carreira, ela conta que foi mais difícil com o primeiro filho, Marcelo, até que aos 11 meses de idade do menino, conseguiu uma secretária que mora com a família até hoje. “Antes da Natalina chegar, eu não conseguia trabalhar direito, tinha duas babás, uma para o dia e outra para a noite (…). Houve vezes que eu os levei dormindo no carro, resolvia o que tinha para fazer na Delegacia e voltava”, recorda.

Vencendo obstáculos

Quando ingressou na Polícia Civil, em 2011, a escrivã Indianara Betoldo Vestana Ribeiro já era mãe dos gêmeos Otávio e Nicole, atualmente com sete anos. Na época, o marido de Indianara também passou para o cargo de escrivão de polícia. Enquanto ele se dedicava aos estudos na Academia de Polícia (Acadepol), ela, mesmo participando de todas as atividades preparatórias da academia, tinha que encontrar disposição para se dedicar às crianças quando chegava em casa.

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As boas notas na Acadepol eram necessárias para que a família ficasse na Capital, uma vez que Nicole teve sequelas de uma paralisia cerebral após o nascimento. Por esse motivo, mesmo tendo um desenvolvimento normal, a criança possui dificuldades motoras no lado esquerdo do corpo, que necessitam de tratamento.

Nicole faz fisioterapia desde o quatro meses de idade, alongamento e outros tratamentos não disponíveis no interior do estado, como aplicação de terma, e de botox de seis em seis meses.

Mesmo com toda a dedicação do casal, a primeira lotação dos escrivães foi em Primavera do Leste. Indiara tinha que vir para Cuiabá de 15 em 15 dias para realizar o tratamento da filha e durante esse período, o marido cobria os plantões dela na delegacia. “A maior dificuldade é que eu não tinha só uma criança, mas duas para cuidar, uma vez que Otávio também tinha as necessidades dele”, explica.

A escrivã chegou a pedir licença médica para tratamento de saúde da filha, mas ficar fora da atividade profissional não era sua vontade. “Eu queria muito trabalhar, gosto de estar ativa, e tentei conciliar as duas funções, mas eu não conseguia”, destaca.

A situação mudou quando o casal conseguiu a transferência para a Capital. Hoje, Indianara concilia o trabalho de escrivã com as atividades dos filhos. Além de frequentar a escola convencional, Nicole faz outros tratamentos com fonoaudióloga, psicóloga, terapia ocupacional, natação e ballet, além das atividades de Otávio, que atualmente está na aula de judô.

“Mesmo contando com a ajuda de uma funcionária que acompanha minha filha nas atividades, sou eu quem busco e levo para tudo, por isso, preciso contar com a compreensão dos meus colegas e superiores nas unidades em que trabalho, mas nunca deixei de cumprir minhas responsabilidades”, destacou a escrivã, que ainda encontra tempo para fazer atividades físicas e aulas de dança com a filha.

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Grande família

Mãe do Vitor Hugo, de 18 anos, Gabriel, de 14 anos, e da Maíra, de sete anos, a investigadora, Marlúcia Moreira Neves, realizou o sonho de ser mãe de quatro filhos com o nascimento do caçula Davi Lucas, há pouco mais de um mês.

A policial afirma que, para algumas pessoas, ver uma mulher e profissional com três filhos engravidar do quarto, chega a ser chocante. Mas esse sempre foi seu desejo. “Seria ótimo se eu tivesse tido duas gravidezes gemelares, uma vez que passo muito mal durante esse período, mas não tive essa sorte. Meus filhos, de forma planejada, vieram em tempos diferentes com uma distância bem grande de idade entre eles”.

Para Marlúcia, conciliar a vida de policial com a de mãe não é tão diferente quanto em qualquer outra área profissional, porém, uma das grandes dificuldades é lidar com a “paranoia” causada pelos fatos vivenciados na vida policial, tanto relacionados à violência contra a criança como também a questão de infrações cometidas por menores.

“Sendo mãe e policial, acho que o senso de responsabilidade fica maior, a observação se o filho está fazendo algo errado é intensificada, gerando um excesso de zelo e de ‘investigação’ dentro da própria casa”, ressalta.

Mesmo com todas as dificuldades para criar e educar crianças nos dias atuais, a investigadora acredita que a educação dos filhos é uma prioridades.

“Ter filho é uma dádiva de Deus e não uma questão financeira. A primeira coisa em minha vida sempre foi cuidar dos meus filhos, participar da vida deles da melhor maneira possível. Para mim e para o meu marido, isso é prazeroso e não oneroso ou um sacrifício, pelo contrário, a minha diversão é estar com a minha família”, garante.

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Partiu hoje um amigo querido: José Arley Lopes

Amigos nunca partem: apenas se desligam temporariamente do nosso convívio…

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Imagine alguém sempre bem-humorado, dotado de perspicácia para perceber detalhes que passam ao largo da maioria das pessoas; imagine, na sequência, um sujeito com firme disposição solidária, como se cumprisse plantão permanente, zeloso pelo bem dos amigos e parentes…

Complementem tal busca imaginária ao visualizá-lo colocando apelidos marcantes naqueles com os quais interage cotidianamente. Acréscimo importante.

Mais ainda: transformem o improvável vivente em um ser humano excepcional, preocupado em ir à luta com o intuito de sobreviver dignamente. Imaginaram?

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Pessoas assim existem, sim, por maior que sejam as dúvidas! E uma delas partiu hoje. Trata-se do meu companheiro de longos anos de convívio em Montes Claros-MG, José Arley Lopes.

Há anos, de forma intensiva, José Arley lutava contra um câncer impiedoso, doença originária da próstata.

Após se alastrar pelo corpo do amigo, o câncer conseguiu vencer a longa queda de braço travada entre a vida e a morte, levando Arley a descansar precocemente.

José Arley foi daqueles amigos inesquecíveis, apesar de décadas de desencontro físico. Mas nunca deixou de fazer parte das minhas lembranças dos tempos felizes de MOC. Tantas noites e dias divertidos!

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Parece que ainda o vejo andando sorridente pela Praça da Matriz, rumo à antiga casa de dona Ana Lopes. E já chamava os conhecidos por apelidos arquitetados ladinamente…

Tais apelidos – tema que já abordei no FACEBOOK – vão permanecer incólumes. O amigo José Arley possuía o dom de apelidar implacavelmente quem quer que fosse.

Incrível como conseguia escolher nomes improváveis, mas todos pegavam que nem cola bombástica, para desespero das vítimas. A relação é bem extensa em Montes Claros…

Também não escapei de ser apelidado: ao me encontrar nas ruas, antes mesmo do tradicional aperto de mãos, Arley ensaiava gestos de golpes de Kung Fu, alusão ao esporte de karatê que eu praticava na época, idos dos anos 70.

“Iôoo, Iáaa” – gritava alto. Daí, pra ser apelidado de “João Iô”, foi um pulo…

Meu pai também entrou na incessante roda de troca-nome: “Carlão Rapadura”. Meu irmão mais velho, José Antônio, passou a ser “Popotinha”.

Certos apelidos aos parentes eram comentados apenas às escondidas, em função do humor limitado das vítimas.

Enquadra-se nessa lista os saudosos Vicente e Moacir Lopes, tios de J.A, e também sisudas tias. Nem arrisco mencionar seus nomes…

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Alguns primos também penam com apelidos emplacados pelo amigo José Arley: é o caso dos irmãos Ricardo (“Jegaço”) e Vinícius Lopes (“Pela Jegue”).

Nem sei exatamente como, o próprio José Arley ganhou apelido estratosférico: “Zé Bucânia”. Suspeito que ele mesmo tenha se apelidado…

José Arley ainda protagonizou passeios memoráveis no Pentáurea Clube, igualmente garantindo almoço grátis no clube campestre e outras mordomias.

Para tanto, fez amizade com garçons e dirigentes do balneário. Até hoje tenho saudades daquela comida deliciosa…

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Enfim, é mais um companheiro que parte, e confesso ser difícil me conformar com isso. Só desejo que continue [no plano celestial] a encantar os novos amigos com seu jeitão irônico e tão simpático: não tenho dúvidas de que o Paraíso é sua próxima parada!

Quanto à Praça Doutor Chaves, a popular Praça da Matriz, por onde José Arley andava costumeiramente, ganhou, a partir de hoje, mais um anjo de luz a perambular pelas suas alamedas…

João Carlos de Queiroz, jornalista

 

 

 

 

 

 

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