O que era para ser uma confraternização entre servidores públicos terminou em polêmica e indignação. A Copa Servidor, tradicional evento promovido anualmente pela Prefeitura de Várzea Grande, virou motivo de revolta entre moradores e familiares de pacientes da UPA Ipase, onde há leitos de UTI.

Neste ano, sob a gestão da prefeita Flávia Moretti, a competição foi realizada no miniestádio Basílio, no bairro Ipase, a pouco mais de 200 metros da unidade de pronto-atendimento. Durante a noite de sexta-feira, o local virou palco de uma grande festa com a banda “Os Amigos”, contratada e patrocinada pela prefeitura.

O problema foi o som ensurdecedor, que atravessou a madrugada. “Enquanto a banda tocava, dentro da UPA havia pacientes entubados, idosos, pessoas com dores e famílias aflitas. Faltou empatia e bom senso,” reclamou um servidor da saúde que pediu para não ser identificado.

Moradores da região também protestaram. “A música era tão alta que as janelas tremiam. É impossível acreditar que ninguém da prefeitura tenha pensado no impacto disso ao lado de um hospital,” relatou uma moradora da rua Manoel dos Santos.

Segundo relatos, até os profissionais da UPA precisaram lidar com a confusão causada pelo barulho. “A equipe estava exausta. Alguns pacientes ficaram agitados com o som e houve necessidade de reforçar a medicação de quem precisava de repouso,” contou uma enfermeira do plantão noturno.

Nas redes sociais, o episódio repercutiu rapidamente. Vídeos mostram o show acontecendo enquanto ambulâncias entram e saem da UPA. Nos comentários, internautas classificaram o evento como um “desrespeito humano” e “uma afronta à saúde pública”.

Um dos participantes da festa chegou a reconhecer o excesso. “Foi bonito ver os colegas comemorando, mas quando soube que tinha gente em UTI do outro lado da rua, fiquei constrangido. A prefeitura devia repensar onde faz essas festas,” afirmou um servidor da Educação.

Entre os presentes estava o vereador Dr. Miguel Junior, que também é médico. Sua presença no evento gerou ainda mais críticas entre os moradores. “Ele, como médico, deveria ter noção do que um evento desse porte causaria a pacientes internados tão próximos. É decepcionante ver um profissional da saúde compactuando com isso,” afirmou uma servidora municipal.

A ausência de fiscalização também chamou atenção. Nenhum órgão municipal compareceu para verificar os níveis de ruído ou garantir o cumprimento das normas ambientais. “A prefeitura patrocina o evento e depois finge que não vê o problema. É o próprio poder público desrespeitando as regras que deveria fazer cumprir,” criticou outro morador.

Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Várzea Grande não se manifestou até o fechamento desta matéria.